Carta é o e-mail de antigamente. Funcionava assim: Você
pegava um papel, um lápis e digitava o conteúdo à mão. Ao invés de clicar no “Enviar”,
você tinha que levá-la a uma “casinha” chamada correio, onde depois de selada e
carimbada, ela viajava de trem ou de navio até chegar ao seu destino. Muitas
vezes a pobrezinha se perdia, se atrasando ou até mesmo se perdendo no meio do
caminho.
O que vou te contar agora amigo, é a história de uma estranha
correspondência que enviei “sem querer” por um sistema muito mais rápido do que
o das cartas e até mesmo do que o do e-mail e que foi respondida por dois
remetentes ao mesmo tempo, sem nenhuma confusão ou extravio.
O caso foi assim. Certa manhã de inverno, enquanto estava na
Yeshiva – seminário rabínico – em Jerusalém, depois de ler o salmo de número
vinte e três em hebraico - O senhor é meu Pastor e nada me faltará - mandei a
seguinte mensagem para nosso Querido e Amado Pai:
-Deus! Eu acho este salmo lindo, mas ainda não compreendo tão
bem o hebraico. Eu gostaria tanto de ter uma tradução dele em português...
-Após mandar esta frase, voltei à leitura dos salmos. O dia
era de neve forte, como não se via há quarenta anos. As ruas e as estradas
estavam interditadas e as “águas tranqüilas” estavam congeladas, mas para o “Carteiro”
com C maiúscula nem mesmo o “vale da morte” significa um obstáculo e, portanto minha
mensagem foi enviada. Para onde? Para quem? Eu não tinha idéia...
Depois de uns sete dias, congelado feito um sorvete, após uma
jornada de estudos Talmúdicos, entrei em meu quarto onde vi repousando sobre
meu travesseiro uma carta:
-Ah! Que bom, meus pais escreveram! – Raciocinei satisfeito
enquanto tirava meu chapéu e alisava a minha barba:
-Ué? Que estranho a carta veio de Jundiaí? Será que meus pais
estão passando uns dias no sítio do tio Luiz? – Pensei após ver o endereço de origem
da mesma.
-Mas a grande surpresa veio quando li o nome do remetente:
Elias dos Santos.
Este era o nome do caseiro do sítio, um senhor evangélico com
quem eu passava horas a fio conversando sobre religião, valores e natureza, enquanto
capinávamos as ervas daninhas que prejudicavam as plantações.
Com ele, com seus filhos e netos afro-descendentes, aprendi que
o convívio entre pessoas de diferentes etnias e realidades só tem a contribuir
para a nossa formação e evolução como seres humanos.
Bem... Se o
recebimento da carta me deixara feliz, agora que vi que ela era de Seu Elias,
fiquei ainda mais empolgado e curioso com seu conteúdo, então fui logo abrindo
e foi aí que a grande e maravilhosa surpresa se deu:
O pedido que eu fizera na gelada Jerusalém, há somente uma
semana, atravessara a neve da cidade Santa, as águas tranqüilas do mediterrâneo
e do Atlântico e chegara aos verdes pastos de Jundiaí:
A carta/resposta de Deus e do seu Elias dizia o seguinte:
“Meu querido amigo Gilberto, estou te enviando um salmo,
guarde o em tua carteira para que te traga proteção. De seu amigo Elias”:

Está história, meu amigo leitor, me abriu os
olhos para duas realidades profundas: A de que a fé na presença de Deus deve
ser vivida de forma concreta e não somente suposta ou pregada e a de que por trás
da diversidade cultural e religiosa que divide os seres humanos, existe uma
unidade eterna e que deve ser cada vez mais revelada, pois é ela e somente ela que vai trazer a verdadeira paz a humanidade: A de que somos todos
irmãos, filhos do mesmo Pai.
Shalom!
More Ventura! Judaísmo é atitude!
2 comentários:
A gratidão é uma atitude do nosso coração; é uma das virtudes que embelezam o caráter. Tudo quanto temos e somos provém de D-us. Em Sua fidelidade, o Eterno utiliza meios inesperados e até inusitados para nos atender. Penso que a gratidão intensifica o nosso amor por Ele assim como desenvolve a nossa fé. Este testemunho que nos dás chega a nós impregnado de gratidão e nos comove. A convicção do salmista é a mesma: "Oh Tu, que escutas as orações, a Ti virão todos os homens" (Sl 65:2). O apóstolo Paulo declara enfaticamente em sua carta aos Colossenses (Cl 3:16): "sede agradecidos". Parabéns, More.
Moré, milagres e respostas de D'us estão presentes em nossas vidas todos os dias, mas nem sempre conseguimos (ou queremos) enxergá-los. Muitas vezes, pequenas coisas que acontecem no nosso dia-a-dia, são grandes milagres, sem mesmo nos darmos conta disso. Acredito muito nisso! Adorei a sua história e comprova o que venho tentando acreditar!
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