quarta-feira, 7 de março de 2012

Purim "Só para adultos!"

Meu amigo Avraham Moishe de Jerusalém! Radical é a vó!


Apesar de estar super atarefado.... Preciso escrever sobre Purim e vai ser assim:
Direto ao assunto!
Quando falamos a respeito de algum acontecimento histórico não devemos nos esquecer do contexto, se não a historia pode ficar sem pé nem cabeça!

Veja o caso de Purim:
Você já pensou que o comportamento de Aman ao propor o extermínio de um povo inteiro só por que Mordechai se negara a curvar se para ele foi muito inconsequente para o ministro de um grande império como o Persa e que a pronta aceitação do rei Achashverosh foi mais inconsequente ainda?
Isso não faz a história parecer meio fictícia?

Então vamos aos fatos:
Vocês já ouviram falar dos Samaritanos?
Era um mix de vários povos que foi trazido para habitar o extinto reino do norte de Israel por seu conquistador Assírio, de modo a substituir a exilada população israelita.
Eles ganharam este nome, pois a capital de Israel se chamava Samária.
A rixa entre esta população e os judeus do reino do sul sempre foi grande, pois estes nunca consideraram os Samaritanos como parte de seu povo.

Quando o povo do reino de Judah – os judeus – foi exilado, décadas depois  para as terras da Babilônia, muitos samaritanos passaram a viver em seu território, ocupando assim os cargos de poder daquela região.
Passados setenta anos do exílio babilônico, o conquistador Persa, Coresh – Ciro – permitiu o retorno dos judeus para suas terras, de modo a reconstruírem Jerusalém e seu Templo.

Quando os judeus voltaram a Judá, adivinhem quem eles encontraram ali?
Os Samaritanos, que queriam impedi-los de reconstruírem o seu templo e sua cidade temendo perder o controle do lugar.
Para incrementar sua posição, os supra-citados inventaram algo ainda muito em voga: O “abaixo-assinado”, que fora assinado por vários líderes de povos vizinhos ao território de Judah.

Seu texto advertia o imperador Persa de que o fato de ele deixar o povo judeu reconstruir sua cidade e seu templo seria uma estupidez, pois conforme afirmava, os judeus eram notoriamente rebeldes e com suas fortalezas reconstruídas não perderiam a chance de se rebelarem contra seu domínio.

O imperador, (este lenga lenga passou por umas três gerações de imperadores), as vezes concordava e embargava a construção e as vezes, depois de receber alguma comitiva judaica bem articulada, voltava a permitir a obra.

Agora chegamos ao ponto:
A história de Purim se passou durante este período em que os samaritanos e os povos vizinhos a Judá nos acusavam de rebeldia.
Não devemos nos esquecer também de que o temor de rebeliões permeava o governo de Achashverosh devido ao alto numero de povos que ele subjugava, nada menos do que cento e vinte e sete!
A própria meguilá nos conta sobre dois guardas reais de origem estrangeira que tentaram matar o imperador.

Então amigos, perceberam ? Esta  era a situação:

-Um monte de gente acusando o povo judeu de rebeldia, uma batalha política em torno do templo e do controle de Jerusalém, receios de traições e assassinatos. Foi neste contexto que surgiu Mordechai  negando se curvar ao primeiro ministro, despertando assim seu temor de que se tratasse de uma conspiração judaica contra o império Persa. Daí para um decreto de extermínio foi um passo, (agora mais compreensível).

O final todos já conhecem... Aman foi enforcado e os judeus venceram seus inimigos!
Mas.... Para não ser semprígeno... vou citar um outro final e uma outra vitória pouco conhecida, porem trazida numa fonte famosa: O Talmud.

Perdida em uma de suas inúmeras páginas encontramos uma afirmação :
Alguns descendentes de Aman se converteram ao judaísmo e se tornaram professores de Torah para crianças na cidade de Bnei Brack em Israel...
Quer moleza?
Vai comer Oznei Aman!
Purim Sameach e desculpem não citar fontes, é lá pelo livro de Ezra e Nechemia... é que estou muito corrido!

5 comentários:

N.Marion disse...

Excelente o relato desta história de Purim e vai de encontro aos artigos dos cabalistas a respeito do povo misto entre os israelitas e os opositores do avanço espiritual do verdadeiro povo de Israel. Agora, saber que os decendentes do maléfico Aman foram se misturar aos israelitas de Bnei Brak, pretensamente para ensinar Torah, mostra bem a cara de muitos dos "ururbus da capa preta" que habitam esta região. Parabéns, Ventura, continue divulgando estes pormenores da história, que vc trará luz aos verdadeiros israelitas.

Jacqueline disse...

Chag Purim Sameach! More!
Adorei conhecer a história e você foi claro e objetivo, como sempre!
Como é gostoso poder ler e entender uma porção de coisas que acontece ao nosso redor agora e que começou lá atrás! Acho que por isto amo tanto história. :) Todá Rabá! Shalom!

Anônimo disse...

Oi More Ventura, quando minha filha era pequenina, eu tive a maior dificuldade de ensiná-la a falar Hachashverosh, então resolvi falar para ela que o rei se chamava "Achava-o-Xerox". Hoje em dia em vez do Aman, temos o Ahmadinejah. O que você acha da repetição dos fatos históricos em relação a este outro imbecil ?

More Ventura disse...

Cara amiga, antes de mais nada te cumprimento pela criatividade! Axava o xerox é bom mesmo!
Em relação a repetição da história é impressionante mesmo...Me lembra o que diz a hagadah de Pessach:
-"Em todas as gerações aparece alguém querendo nos exterminar..."
Por outro lado não nos esqueçamos de que foi justamente na antiga Persia, atual Iran, que o imperador Ciro permitiu ao povo judeu o retorno a sua terra e a reconstrução de seu templo!

Laércio Santos disse...

Morê, sempre surpreende, mesmo quando sem tempo... Chag Purim Sameach!!