terça-feira, 15 de novembro de 2011

Shabat Shalom 1- Venha Jantar em casa!



                                      

O que ? Você nunca esteve numa comemoração de Shabat? Fala sééério! Inacreditável! Tantos anos de convívio e nunca te convidei?
Então vamos fazer uma coisa ? Hoje você vai passar o Shabat na minha casa, ok?
Aceita? Otimo! Fico muito feliz! Meus filhos e minha esposa vão adorar!
Temos um dito que diz que: “Shabat sem visitas, não é Shabat!” e nesta noite não iríamos receber ninguém...Ah, amigo...Você salvou nosso Jantar!
-Não, não se preocupe! De jeito nenhum! Minha esposa nunca faz “comida contada”, a gente sempre espera visitas surpresa ou de última hora! E qualquer coisa, é só botar mais caldo no feijão, ou melhor, na canja !!!
Então vamos lá! Primeiro a gente vai para a sinagoga e depois voltamos para o jantar. A gente deve estar de volta em torno das oito horas.
-O que ? Você quer conhecer a sinagoga? Claro que pode! Vamos pra minha casa, de La vamos para a sinagoga.
Entra, por favor! Senta um pouquinho. Você quer tomar um café, um suco ou um copo de agua?
-Ok! Vou pegar para você. Quer gelado ou sem gelo?
-É verdade, neste frio é melhor não se arriscar! Prefere um chá ?
-Aqui está! Agora só vou te pedir para esperar um pouquinho porque eu vou tomar banho e me trocar, aí a gente vai para a sinagoga, beleza? Vai curtindo o cheirinho da comida... Que depois não vai sobrar nem cheiro!
-Crianças! Vocês já estão prontos? O Shabat entra daqui quarenta minutos!
-Desculpe! Se eu não apressa-los a gente só sai daqui amanhã!
Agora eu posso responder a sua dúvida:
Você perguntou: Se shabat é sábado e hoje é sexta feira, como é que o Shabat começa daqui a alguns minutos?
Vou te explicar. De acordo com o judaísmo o dia começa ao anoitecer, ou seja: Quando anoitece... Muda o dia!
De onde sabemos que é assim? Do relato de Genesis: Ao completar a descrição da obra de cada um dos seis dias da criação a Torah diz: “E foi noite e foi manhã...” Primeiro veio a noite e somente depois veio a manhã...
Portanto, de acordo com o judaísmo... O dia começa à noite! Sacou?
Pois é! Da pra filosofar bastante em cima deste assunto...
Me dá só mais um segundinho que a gente já sai.
-Filha, você já acendeu as velas ?
-Beleza! Beijos querida. “Bora” crianças.
-Pronto, agora sim podemos ir para a sinagoga.
-O que? Ah sim, desculpe, as velas! Vou explicar:
Na véspera do Shabat as mulheres acendem duas velas cada uma e essas velas ficam acesas a noite toda. O simbolismo delas é trazer Luz; luz Espiritual para a família e para o lar.
Antigamente as velas também tinham a função prática de iluminar a casa, e deveriam ser acesas antes do por do sol, porque depois do por do sol a gente não deve criar nada, nem mesmo acender fogo! Esse é um tema central no Shabat: se abster de criar...Depois eu te explico melhor.
Que vento frio... Ainda bem que estamos agasalhados! Voce que voltar pra casa pra pegar um agasalho?
-É verdade! Sempre me admirei com sua capacidade de agüentar o frio, mas não sabia que gostava de curtir o frio! Vamos, mais dez minutinhos de caminhada chegaremos na sinagoga, La o clima é quente, o que não falta é calor humano!


Continuahttp://moreventura.blogspot.com/2011/11/chegamos-pode-entraramigo.html

10 comentários:

Evandro disse...

Bom, obrigado pelo super convite, naveguei pela historia, e com os olhos fechados pude participar e ser participante dela por alguns minutos após degusta-la. So eu sei o quanto este convite foi bom para mim. More Ventura, agradeço a você por ajudar a manter a chama acesa no meu coração. Pois no dia de hoje eu precisa de um convite assim. Shalom - Seu amigo Evandro

More Ventura disse...

Evandro... Seu comentario me deixou muitissimo feliz!Neste texto tentei um estilo novo, justamente com o intuito de fazer o leitor se sentir como o convidado que no texto nao fala, pois é o proprio leitor!
Um grande abraço amigo querido
Shalom!

Ricardo disse...

Bem interessante... Interativo..
Abs..

Milena Caldeira disse...

Visitando o facebook a pouco me surpreendi com o título:Quem quer Jantar em casa Neste Shabat? Achei que fosse alguma brincadeira e parei alguns instantes pra ler do que se tratava.
Realmente era um convite feito pela familia Ventura. Entrelinhas o convite diz: não importa seu credo,sua raça ou o que vc é... vc é importante e está convidado para o nosso Shabat...“Shabat sem visitas, não é Shabat!”
Qdo li me lembrei dos ensinamentos que minha avó(infelizmente não a conheci)passou aos filhos:"Não vos esqueçais da hospitalidade, pq por ela alguns,não o sabendo hospedaram anjos" Hebreus 13:2

Fiquei muito emocionada com a atitude do More e resolvi ir á casa de meu pai compartilhar esse ato tão solidário e raro atualmente.
Enquanto eu explicava do que se tratava esse convite inusitado,enxerguei o marejar dos olhos dele envolvido num silêncio absoluto. O que estaria passando pela cabeça do meu pai no auge de seus 87? após o silencio veio a resposta:
Essa sabedoria enobrece a alma e nos elava ao Altíssimo!
E declamou um poema de Junqueira Freire
"A Orfã na Costura" que diz:

Ela lhe ensinou a levantar suas mãos
puras e inocentes para o céu, a dirigir
seus primeiros olhares a seu Criador.

Fléchier

Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor.
Seu cabelo era tão louro,
Que nem uma fita de ouro
Tinha tamanho esplendor.

Suas madeixas luzidas
Lhe caíam tão compridas,
Que vinham-lhe os pés beijar.
Quando ouvia as minhas queixas,
Em suas áureas madeixas
Ela vinha me embrulhar.

Também quando toda fria
A minha alma estremecia,
Quando ausente estava o sol,
Os seus cabelos compridos,
Como fios aquecidos,
Serviam-me de lençol.

Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor.
Seus olhos eram suaves,
Como o gorjeio das aves
Sobre a choça do pastor.

Minha mãe era mui bela,
— Eu me lembro tanto dela,
De tudo quanto era seu!
Tenho em meu peito guardadas
Suas palavras sagradas
Com os risos que ela me deu.

Os meus passos vacilantes
Foram por largos instantes,
Ensinados pelos seus.
Os meus lábios mudos, quedos
Abertos pelos seus dedos,
Pronunciaram-me: — Deus!

Mais tarde — Quando acordava
Quando a aurora despontava,
Erguia-me sua mão.
Falando pela voz dela,
Eu repetia, singela,
Uma formosa oração.

Minha mãe era mui bela,
— Eu me lembro tanto dela,
De tudo quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era tudo e tudo meu.

Estes pontos que eu imprimo,
Estas quadrinhas que eu rimo,
Foi ela que me ensinou.
As vozes que eu pronuncio,
Os cantos que eu balbucio,
Foi ela que mos formou.

Minha mãe! — diz-me esta vida,
Diz-me também esta lida,
Este retrós, esta lã:
Minha mãe! — diz-me este canto,
Minha mãe! — diz-me este pranto,
— Tudo me diz: — Minha mãe! —

Minha mãe era mui bela,
— Eu me lembro tanto dela,
De tudo quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era tudo e tudo meu.

E ouvir meu pai declamando, me emocionou muito.

Mais feliz eu fico ao saber que lares como o seu More permanecem passando valores essenciais aos filhos, perpetuando os costumes e a cultura!!!

Meu sincero abraço a vcs todos!!

Milena Caldeira

Bernardete disse...

AMEI!!!

Bernardete disse...

AMEI!!!

More Ventura disse...

Bernadete! Amei que você Amou!!!
Obrigado Amiga!

Mike Wald disse...

Adoraria Ventura...
Quando vc vier a Orlando, o Shabbat e aqui em casa!!!

Mike Wald

SamiCyt disse...

Parabens pelo post!!! Eu posso dizer com propriedade (pois estive no ultimo shabat em sua casa) que todo esse sentimento de importancia do Shabat que transparece pelos diversos detalhes com os quais nos preocupamos para que tudo seja da melhor forma, expoe exatemente como devemos vivencia-p0 acima de tudo. Shabat Shalom

Anônimo disse...

Exímio no aspecto pedagógico, eminente no expôr o aspecto cultural e cultual de um Povo, o meu Povo, o nosso Povo... Povo do Livro! Sou concorde à sua letra ao afirmar, sem medo: "Shabat sem visitas não é Shabat". Mazal Tov, More!