“É difícil conceber o quão inspirador deve ser assistir aos nossos
deputados em nossa casa legislativa reunidos, discutindo com veemência e
argumentando com acuidade a respeito de um tópico de interesse amplo e de
influência geral.”
Este foi meu pensamento ao ouvir no rádio do meu carro um
comentário que dizia que as discussões sobre a “Lei Geral” entre os nossos
nobres deputados estavam “inflamadas e produtivas”.
“Lei Geral”
Adoro leis jurídicas, científicas e definições éticas que
aparecem acompanhadas do termo “Geral”, pois normalmente elas envolvem grandes
princípios, trazendo consigo potentes mudanças e avanços, rompendo com velhos e
enferrujados paradigmas e escancarando novas perspectivas de evolução para a
sociedade.
Vejam o exemplo de um dos maiores líderes judaicos de todos
os tempos, o Rabino Akiva, que de modo sutil e brilhante, fazendo uso deste
mesmo termo, deslocou o conceito do “ame ao próximo como a ti mesmo” de uma
posição periférica e secundaria, para um lugar de destaque na prática religiosa
cotidiana:
Está escrito na Bíblia: “Amarás ao próximo como a ti mesmo” e
Akiva, através de seu dito, eternizado no tratado da “Ética dos pais”, emendou:
“Esta é a regra Geral da Tora”.
Mas voltando ao meu carro: Ainda ouvindo a animadora notícia,
pensei:
“Até que enfim os nossos políticos estão discutindo algo
amplo, que deve influenciar a sociedade como um todo. Algo sem particularismos,
algo verdadeiramente Geral!”
Mas... para minha amargura, a notícia foi interrompida por
uma propaganda de cerveja.
-Que absurdo – Pensei – Interrompem uma notícia tão virtuosa
para falar sobre algo que vicia? Cerveja? É por isto que nosso país não vai
para frente. Quando começam a falar de algo mais elevado, de mais ideológico,
aparece a tal da cerveja ou do futebol para distrair o povo!
Em poucos segundos cheguei ao meu lar. Sentando em minha
poltrona, abri o notebook e empolgado entrei num site de notícias.
- Quem sabe esta lei não seja a solução para tanta alienação,
corrupção, falta de educação e etc?
Ao ler a manchete da notícia, porem, minha empolgação murchou,
pois constatei que não se tratava de uma “Lei tão Geral assim”, mas apenas de
uma “Lei Geral da copa”...
De qualquer modo – Pensei – Já se trata de uma evolução. Uma
lei geral da copa deve falar sobre os princípios éticos do jogo de futebol, das
torcidas e dos patrocinadores. O que pode e o que não pode ser atrelado a
imagem de um jogador, as limitações as quais a Fifa deve se submeter e...
...e a liberação das bebidas alcoólicas dentro dos estádios
de futebol?
A liberação das bebidas alcoólicas dentro dos estádios de
futebol?!
Ei... Por que este item está incluído nesta tão grandiosa
lei? Ou melhor – Me perguntei após mais algumas linhas de leitura, já me
sentindo enganado - Por que este item é “A própria lei”?
Fui ludibriado – gritei, enquanto batia na minha mesa – Mais
uma vez fomos passados para trás! Que absurdo! Por que os caras
deram um nome tão pomposo para uma lei tão ridícula e submissa aos interesses
da Fifa?
Desanimado fechei o Computador e matutei:
Se ao menos os deputados mudassem o nome da desdita lei poderia
ser menos decepcionante, ao menos não criariam em nós a expectativa de estarem
fazendo algo de extraordinário como o nome Lei Geral indica...
Talvez seria melhor se a chamassem de “Lei geral do copo”, ou
talvez: “liberou geral na copa”.
AMIGOS QUE QUEREM VER MUDANÇAS DE VERDADE, CHEGA DE RECLAMAR,
VAMOS NOS EXPRESSAR, VAMOS AGIR, VAMOS PARTICIPAR MAIS E ASSISTIR MENOS, VAMOS
CRIAR MAIS E CONSUMIR MENOS!
Ah... E antes que eu me esqueça:
Gostaria também de propor aos nobres deputados da “Lei Geral”
que mudem o nome de seu honrado conselho de ética para conselho Etílico, talvez
assim encontrem se mais aptos para julgar esta tão inebriante lei!
ACORDA BRASIL!!!
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Ventura! Judaísmo é atitude!!! E cidadania!
Um comentário:
De acordo com a proposta.Em conformidade com esta resolução,cada estado terá que formar a própria comissão etílica.E possível, os estados incumbirão os municípios a formarem a propria,já que muitos terão jogos da copa e teremos em vez de decisões edilicas,decisões etilicas,muito necessarias,principalmente quando se pedem punições mais severas para os que dirigem alcoolisados.Que absurdo.
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