quarta-feira, 14 de março de 2012

Matsá - Significado e simbologia.


O maior símbolo material da comemoração de Pessach, a páscoa judaica, é a Matsa, o pão não fermentado.
Durante oito dias substituímos nosso delicioso pãozinho francês por este crocante pão bíblico, fazendo com que nos recordemos do êxodo de nossos antepassados da escravidão egípcia, não somente na cabeça e no coração, mas também no estômago.

Os motivos desta substituição são três:

1-Relembrar o sofrimento de nossos antepassados:
Durante a escravidão nossos ancestrais eram alimentados pelos egípcios com a matsá, por se tratar de um alimento barato e fácil de se fazer. Por este motivo, a matsá também é chamada de pão da pobreza.

2-Cumprir o mandamento de comer o sacrifício pascal com Matsá e Maror – Ervas amargas:
-No Shabat – Sábado – anterior ao Êxodo, Moises informara ao povo de que em agradecimento aos milagres Divinos eles deveriam fazer a oferenda de um cordeiro, cuja carne deveria ser ingerida juntamente com ervas amargas e Matsá. Como é sabido, o sangue deste cordeiro foi passado nos batentes das portas dos filhos de Israel para que a praga da morte dos primogênitos não penetrasse em suas casas.

3-Recordarmos da pressa com a qual nossos pais bateram em retirada das terras do Nilo.
-Em seus últimos minutos de Egito, nossas tataravós estavam esperando pacientemente o fermentar da massa que prepararam para fazer pão. Devido a pressa, porem, tiveram que assar a massa antes de fermentar e o que foi que saiu do forno? A velha e conhecida Matsá!

Mensagem do Zohar - Kabbalah:
Vocês já perceberam que em sua essência o pão e a matsá são a mesma coisa?
Ambos são feitos exatamente pelos mesmos ingredientes: Agua e farinha!
Então qual é a diferença entre eles? A aparência, pois devido ao descanso de sua massa, que fermenta e cresce, o pão incha ao ser assado, enquanto a matsá, cuja massa é inserida no forno antes de fermentar, mantém o mesmo tamanho que tinha antes de ser assada, não aparentando ser nada mais do que realmente é!

Este é o ensinamento e a mensagem geral da comemoração de Pessach:
A verdadeira liberdade se alcança através da busca da essência e da simplicidade, que pautam os verdadeiros valores espirituais que devemos seguir, enquanto o culto à aparência e a superficialidade, vazios como o ar que incha o pão, nos escravizam fazendo-nos vítimas e servos dos prazeres descomedidos e da necessidade de impressionarmos as opiniões alheias.      
Para não cair no ritualismo vazio, que também escraviza: Questione, estude, sinta e cumpra!
Uma boa libertação! Pessach Casher VeSameach!
More Ventura! Judaísmo é atitude!   

6 comentários:

Luiz Santinácio disse...

Ventura faz uma exposição capaz de várias atitudes encontradas no ser humano aqui entendido como Humanidade. Alia-se uma análise "subliminar" de contextos e estereótipos tão presentes em nossa realidade hodierna e, que beiram a conceituação dos excessos. "Excesso" aqui entendido e observado sob a forma filosófica, tanto ao conceito quanto à forma, visto que, temos os conceitos nominal e forma da "coisa". Não basta a nós "gritarmos" por liberdade ou nos arvorarmos em juízes de outrem quando, na maioria das vezes, não nos observamos e, sequer, as nuances sombrias de nossas vidas. Ventura toca numa questão antiga e sempre nova - parafraseando Agostinho Hiponensis - que é a liberdade com dignidade. Muitos se declaram "libertadores" e que sua palavra é viva e verdadeira. Ventura descortina, sem que seja Eu Sou, o veu da hipocrisia e do pseudo-moralismo, bem como, da demogagia presente em muitas situações conduzindo o leitor a uma séria reflexão para emitir um juízo à luz da verdade, que não seja tão relativa. Atitude é aqui entendida como postura e se nos remete ao ethos sem deixar de beirar thanatos. Evidente, Ventura não se arvora em juiz e, menos ainda, senhor da verdade ou, das verdades. Apenas e tão-somente busca ser... Ser humano, Ser homem portador da inderrogável dignidade da pessoa humana, seja ela - a pessoa humana - grega, romana, egípcia, síria, antioquena, germânica... latina, ortodoxa grega, ortodoxa russa, luterana, judia... Ser que busca, em todas as instâncias, àquela relação dialógica consigo, com o outro, com o Criador por crer que o diálogo é fonte primeva de vida e Vida que se derrama em cada ser.

Agatha disse...

otimo post amigo, vc é demais.. amei!

Unknown disse...

Bom dia< Moré Ventura,
Trabalho com fermentação de substratos lignocelulósicos (bagaço de cana).
Não conheço coisa mais fermentada do que vinho - que deve ser bebido durante a cerimonia de Pessach. Por que o vinho - o mais fermentado dos alimentos pode e outras coisas não ?
Abraço,
Gil

More Ventura disse...

Querido amigo Gil.
Sua pergunta é perfeita!
Eu vou respondê-la num outro texto que estou preparando.
O nome será "A quinta pergunta"!
Quando estiver postado, quero ler seu comentário.
Um grande abraço, meu amigo cientista!

Patrick Salomão Avila disse...

Gostaria de saber se o consumo da Matsá se faz apenas neste período ou em outros mais ? Obrigado.

More Ventura disse...

Caro amigo Patrick Salomão, apesar de a matzá ter significado somente em Pessach, o consumo é permitido durante todo o ano exceto na véspera de Pessach para que as pessoas a comam com vontade.
No Templo porem, toda oferenda de massas, exceto na data de shavuot, pentecostes, era necessariamente não fermentada. Abração!