Amigos...
Por quanto tempo as coisas podem ser ensinadas de um jeito errado ?
Você não
sabe a que estou me referindo, não é ? Estou falando sobre a festa de Chanuká!
A turma vive
dizendo que nesta festa comemoramos a vitória dos judeus contra os gregos, mas
isso não passa de um erro...Um erro absurdo!
A vitória
que comemoramos nesta festa é a da flauta sobre o Banco!!!
Flauta
contra banco ? Como assim?
Antes de
explicar o embate, preciso esclarecer o simbolismo que a flauta tem para mim. Bem...Também vai ser preciso explicar o significado de Banco...
A Flauta !
Eu adoro tocar flauta! Para
mim este instrumento simboliza a beleza e a paz encontradas na simplicidade,
pois afinal, o que é a flauta, se não um pedaço de bambu com furinhos ?
A flauta é
tão simples que quando nos acostumamos a ela, acaba parecendo uma extensão do
nosso corpo, pois seu som vem do sopro, que é respiração, é essência!
Flauta é um
tipo de assobio de luxo, simples e sem acordes!
E banco?
Banco é
complicado e formal. Sua essência é a matéria, a forma! Tem juros, caixas,
gerentes, roleta de segurança e fila, muita fila. Não poucas vezes ficamos em pé durante muito
tempo, esperando quietinhos feito um rebanho de ovelhas
até chegar a nossa vez. Até alguns dias atrás, podíamos nos distrair com nossos
celulares e seus aplicativos, mas agora, nem isso podemos mais! Dizem que proibiram
o uso dos celulares para os ladrões não roubarem a gente na hora que sairmos do
banco, mas... Quem nos rouba mais do que os juros bancários, dentro das
próprias agências?
Ah, sim! Ta
na cara: Os bancos não admitem concorrência!
Flauta x
Banco
Não sei se você me entendeu, amigo ou amiga, mas Flauta x Banco, para
mim significa Essência x Forma.
Bom, chega de introdução e vamos ao assunto, porque já está ficando tarde
e ainda quero tocar um pouquinho:
Hoje, depois do almoço, fui ao banco e como de costume algo estava errado: Muitas
caixas vazias e somente um caixa trabalhando. Exatamente por isso a fila não
andava. Pensei em pegar o meu celular para me distrair, mas não podia – O velho
medo da concorrência – Foi então que tive uma idéia!!! Tocar a minha flauta,
que trazia à mão!
Foi uma farra! Enquanto eu tocava, meus vizinhos de fila, se divertiam,
elogiando e rindo. Um dos meus companheiros de espera, um office boy, me disse
que tocava violoncelo e que da próxima vez o traria para passar o tempo. A
reação dos funcionários também foi hilária. Não sei se estavam rindo comigo ou
de mim, mas o importante é que o clima sisudo e formal do banco tinha sido
quebrado. Era a vitória da essência sobre a forma!
Quando finalmente fui contemplado com o atendimento, notei ao meu lado
um rapaz de barba curta, boné, camiseta e
calça jeans me observando. Sua expressão demonstrava divertimento, mas havia algo
alem:
-More! - Disse o rapaz.
-Ei! Você é...
-Ivan!
-Sim! Me lembrei de você amigo! Conversamos há dois meses atrás sobre essência e forma, enquanto nos dirigíamos às comemorações de Simchat Torah no Bairro do
Bom Retiro. Simcha Torah é o dia em que festejamos a finalização do ciclo
anual do estudo da Torah – Forma – Por meio da alegria e da emoção demonstradas através de músicas e danças – Essência –
-Continuando a conversa, o Ivan me contou que enquanto eu tocava minha
flauta, a gerente pedira a um dos funcionários para chamar o segurança para me “fazer
parar de tocar”, ao que ele respondera:
-Ei senhora, pega leve... O rapaz só esta tocando flauta, está de boa,
não esta prejudicando ninguém.
-Mas aqui é um local de trabalho! – Respondeu a gerente!
-Então porque tem somente um caixa trabalhando? - Queria ter respondido meu amigo.
-Depois de tomar conhecimento da ordem da gerente, fui “tirar
satisfação" com ela e no final, tudo terminou numa conversa descontraída e animada entre
os dois lados: A flauta e o banco.
Me despedi da gerente e dos funcionários prometendo voltar com meu violino, instrumento
mais adequado à formalidade do lugar, ao que eles responderam através de uma das
maiores expressões da essência do ser humano A risada.
Ao sair do banco, combinei com meu amigo Ivan, que sem eu saber já vinha acompanhando o nosso blog, que iria
escrever uma crônica sobre o acontecido. Este tipo de divida, diferentemente
das que devo ao banco, pago com prazer e se necessário, com juros, acréscimo e
muita correção .
Juros, acréscimos
e correções:
Falei no início de nossa conversa que explicar a historia de Chanuka
como uma simples batalha entre gregos e judeus não passa de um grande erro, e
explicarei o porquê:
1-O embate se deu entre a Síria, ex-província grega, e os judeus que
não aceitavam sua influência pagã e materialista.
2-Vários judeus, atraídos pelo materialismo e pelo hedonismo, se
posicionaram a favor da influência da cultura grega.
3-O Talmud e o Midrash contem varias citações positivas no que se
refere à relação entre filósofos e líderes do período alto da cultura grega com
o judaísmo e com o povo judeu em geral.
De acordo com o Talmud, por exemplo, Alexandre - (Alexander), passou a
ser considerado um nome “judaico” em homenagem ao imperador Alexandre o Grande,
devido a benevolência e respeito que este demonstrara ter pelos judeus.
Por essas e outras é correto afirmar:
O embate de Chanuká foi e
continua sendo a luta da forma versus a essência, do materialismo versus a espiritualidade
e da Flauta versus o Banco!
E que vença o melhor = A harmonia!
Que possamos vivenciar os dias em que o lobo e o cordeiro, os juros e
os devedores, os bancos e as flautas convivam em paz. E que isso aconteça brevemente
em nossos dias, Amen!
Um comentário:
Parabens denovo!!! Cada vez que leio suas historias, fico ainda mais convicto de meu caminho!Seus posts são muito interessantes e didaticos, vc ja pensou em um dia quem sabe transforma-los em um livro de conduta judaica para o mundo? Mussar em nossos dias!
Vc mostra por meio deste blog, qual é o UNICO caminho para a redenção, o amor e o respeito como manifestação de fé, cultura ou qualquer outro valor humano! Shkoiach!
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