segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Chanuka = Flauta x Banco.


Amigos... Por quanto tempo as coisas podem ser ensinadas de um jeito errado ?
Você não sabe a que estou me referindo, não é ? Estou falando sobre a festa de Chanuká!
A turma vive dizendo que nesta festa comemoramos a vitória dos judeus contra os gregos, mas isso não passa de um erro...Um erro absurdo!

A vitória que comemoramos nesta festa é a da flauta sobre o Banco!!!

Flauta contra banco ? Como assim?

Antes de explicar o embate, preciso esclarecer o simbolismo que a flauta tem para mim. Bem...Também vai ser preciso explicar o significado de Banco...

A Flauta !

Eu adoro tocar flauta!  Para mim este instrumento simboliza a beleza e a paz encontradas na simplicidade, pois afinal, o que é a flauta, se não um pedaço de bambu com furinhos ?
A flauta é tão simples que quando nos acostumamos a ela, acaba parecendo uma extensão do nosso corpo, pois seu som vem do sopro, que é respiração, é essência!
Flauta é um tipo de assobio de luxo, simples e sem acordes!

E banco?

Banco é complicado e formal. Sua essência é a matéria, a forma! Tem juros, caixas, gerentes, roleta de segurança e fila, muita fila. Não poucas vezes ficamos em pé durante muito tempo, esperando quietinhos feito um rebanho de  ovelhas até chegar a nossa vez. Até alguns dias atrás, podíamos nos distrair com nossos celulares e seus aplicativos, mas agora, nem isso podemos mais! Dizem que proibiram o uso dos celulares para os ladrões não roubarem a gente na hora que sairmos do banco, mas... Quem nos rouba mais do que os juros bancários, dentro das próprias agências?
Ah, sim! Ta na cara: Os bancos não admitem concorrência!

Flauta x Banco

Não sei se você me entendeu, amigo ou amiga, mas Flauta x Banco, para mim significa Essência x Forma.

Bom, chega de introdução e vamos ao assunto, porque já está ficando tarde e ainda quero tocar um pouquinho:
Hoje, depois do almoço, fui ao banco e como de costume algo estava errado: Muitas caixas vazias e somente um caixa trabalhando. Exatamente por isso a fila não andava. Pensei em pegar o meu celular para me distrair, mas não podia – O velho medo da concorrência – Foi então que tive uma idéia!!! Tocar a minha flauta, que trazia à mão!
Foi uma farra! Enquanto eu tocava, meus vizinhos de fila, se divertiam, elogiando e rindo. Um dos meus companheiros de espera, um office boy, me disse que tocava violoncelo e que da próxima vez o traria para passar o tempo. A reação dos funcionários também foi hilária. Não sei se estavam rindo comigo ou de mim, mas o importante é que o clima sisudo e formal do banco tinha sido quebrado. Era a vitória da essência sobre a forma!
Quando finalmente fui contemplado com o atendimento, notei ao meu lado um rapaz de barba curta, boné, camiseta  e calça jeans me observando. Sua expressão demonstrava divertimento, mas havia algo alem:
-More!  - Disse o rapaz.
-Ei! Você é...
-Ivan!
-Sim! Me lembrei de você amigo!  Conversamos há dois meses atrás sobre essência e forma, enquanto nos dirigíamos às comemorações de Simchat Torah no Bairro do Bom Retiro. Simcha Torah é o dia em que festejamos a finalização do ciclo anual do estudo da Torah – Forma – Por meio da alegria e da emoção demonstradas através de músicas e danças – Essência
-Continuando a conversa, o Ivan me contou que enquanto eu tocava minha flauta, a gerente pedira a um dos funcionários para chamar o segurança para me “fazer parar de tocar”, ao que ele respondera:
-Ei senhora, pega leve... O rapaz só esta tocando flauta, está de boa, não esta prejudicando ninguém.
-Mas aqui é um local de trabalho! – Respondeu a gerente!
-Então porque tem somente um caixa trabalhando?  - Queria ter respondido meu amigo.
-Depois de tomar conhecimento da ordem da gerente, fui “tirar satisfação" com ela e no final, tudo terminou numa conversa descontraída e animada entre os dois lados: A flauta e o banco.
Me despedi da gerente e dos funcionários prometendo voltar com meu violino, instrumento mais adequado à formalidade do lugar, ao que eles responderam através de uma das maiores expressões da essência do ser humano A risada.
Ao sair do banco, combinei com meu amigo Ivan, que sem eu saber já vinha acompanhando o nosso blog, que iria escrever uma crônica sobre o acontecido. Este tipo de divida, diferentemente das que devo ao banco, pago com prazer e se necessário, com juros, acréscimo e muita correção .

Juros, acréscimos e correções:

Falei no início de nossa conversa que explicar a historia de Chanuka como uma simples batalha entre gregos e judeus não passa de um grande erro, e explicarei o porquê:

1-O embate se deu entre a Síria, ex-província grega, e os judeus que não aceitavam sua influência pagã e materialista.
2-Vários judeus, atraídos pelo materialismo e pelo hedonismo, se posicionaram a favor da influência da cultura grega.
3-O Talmud e o Midrash contem varias citações positivas no que se refere à relação entre filósofos e líderes do período alto da cultura grega com o judaísmo e com o povo judeu em geral.
De acordo com o Talmud, por exemplo, Alexandre - (Alexander), passou a ser considerado um nome “judaico” em homenagem ao imperador Alexandre o Grande, devido a benevolência e respeito que este demonstrara  ter pelos judeus.

Por essas e outras é correto afirmar:
O embate de Chanuká  foi e continua sendo a luta da forma versus a essência, do materialismo versus a espiritualidade e da Flauta versus o Banco!
E que vença o melhor = A harmonia!

Que possamos vivenciar os dias em que o lobo e o cordeiro, os juros e os devedores, os bancos e as flautas convivam em paz. E que isso aconteça brevemente em nossos dias, Amen!

Um comentário:

SamiCyt disse...

Parabens denovo!!! Cada vez que leio suas historias, fico ainda mais convicto de meu caminho!Seus posts são muito interessantes e didaticos, vc ja pensou em um dia quem sabe transforma-los em um livro de conduta judaica para o mundo? Mussar em nossos dias!
Vc mostra por meio deste blog, qual é o UNICO caminho para a redenção, o amor e o respeito como manifestação de fé, cultura ou qualquer outro valor humano! Shkoiach!